Bettiol é um pintor contemporâneo. Na verdade, poderíamos dizer que Bettiol é um colorista contemporâneo, já que através de sua técnica particular em acrílica sobre tela, produz camadas de cores que são únicas e que são também o grande destaque de sua obra.

O artista vê a arte como um veículo importante para o crescimento pessoal e a transformação, tanto do artista como de quem contempla a arte. Seu trabalho registra imagens internas. E as ditas cores, são meios de representação do universo espiritual em relação a distorção das formas existentes no mundo material. É uma relação que sintetiza a dualidade presente no mundo. Assim, as relações de cor e forma são sua tentativa de buscar equilíbrio através da arte.

Um de seus temas recorrentes são as sombras (no sentido da palavra a que se refere a psicologia junguiana). Vários trabalhos se prestam a uma tentativa de lançar luz sobre o que poderia ser chamado de sombras coletivas. Sobre as misérias humanas e as trevas que estão presentes no caos social e que são rejeitadas ou negadas pela sociedade.

Alguém poderia dizer que seu trabalho é forte e pesado. Mas ele é na verdade um aviso. Para lembrarmos que em nossa humanidade existe sombra e luz. E que há beleza na completude dessa dualidade.

Para criar, Bettiol faz uma busca interior e um profundo trabalho relacionado com as sensações experimentadas no mundo. Além disso, seu arquivo interno de imagens, geradas a partir da observação incansável de pessoas e suas interações, bem como a sua memória emocional são fontes de inspiração. O artista entende que a melhor maneira de acessar estes conteúdo internos é se desligar momentaneamente do mundo exterior, entrando em um estado de fluxo. Ele faz isso através da criação de ambiente especial para trabalhar em seu estúdio. Usa intensivamente ferramentas tais como a música. Para o artista, ela completa, facilita e aprofunda a contemplação e a compreensão de cada trabalho.

Bettiol descobriu a arte em sua infância e em seus anos de juventude trabalhou regularmente como cartunista. Mais tarde estudou história da arte, composição e leitura de imagens, o que o levou a abandonar as artes gráficas e dedicar-se à pintura.

Este seu trabalho de pesquisa intensa como colorista da alma, tem sido o caminho escolhido nas últimas duas décadas, mostrando seu trabalho, alguns deles premiados, em mais de 40 exposições, entre coletivas e individuais, no Brasil e no Exterior. Sorte nossa.

Giovanna Baccarin – Autora e Jornalista